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segunda-feira, 21 de maio de 2007

A Fibre 400 no divã

O texto abaixo foi enviado para vários alunos do IFCH via email por alguém que assina "Liberdade de Expressão" (cujo email de envio é liberdadeefibre@yahoo.com.br). Não sabemos quem é o autor, mas considerando a enorme criatividade e humor, resolvemos postar aqui...
Afinal, quem é que disse que um pouco de humor não politiza o debate??
Parabéns senhor(a) Liberdade de Expressão!!

A Fibre 400 no divã
Entrevista com a sra. Impressora Fibre 400 (IF400) sobre a situação da greve no IFCH/Unicamp, realizada por sra. Liberdade de Expressão (LE).
LE: Prezada Impressora, conte-nos um pouco sobre sua relação com o IFCH
IF400: Há alguns anos, a convite da direção do IFCH, e em acordo com a direção do CCUEC, passei a prestar serviços de impressão para este Instituto, alimentando assim pesquisas de elevado nível intelectual. No entanto, desde o final do ano passado, fui impedida de realizar esse serviço para o IFCH por conta do aperto financeiro deste Instituto. Isso me entristeceu um bocado pelo fato de eu deixar de ter acesso às reflexões mais sofisticadas da área de Humanidades, sem falar do caloroso contato que mantive durante todos esses anos com os/as alunos/as da pós-graduação [nesse momento, lágrimas brotaram dos olhos da impressora].
LE: Como a senhora reagiu a essa situação?
IF400: Conversei muito com os/as alunos/as da pós-graduação e eles me deram muito apoio, afeto, carinho de modo que pude me recuperar e continuar trabalhando para outros Institutos, embora nunca esquecendo do IFCH. Foi louvável a atitude de alunos e alunas de tentar assegurar minha prestação de serviço para o IFCH.
LE: Em que resultou essa louvável atitude dos alunos/as?
IF400: Infelizmente em nada. A direção apresentou um relatório que constata os escassos recursos financeiros do IFCH e reafirmou meu desligamento como prestadora de serviço. Uma pena.
LE: E a senhora continua prestando serviços para outros Institutos e Faculdades da Unicamp?
IF400: Sim, é meu ganha pão, né?! Continuo a trabalhar para os Institutos e Faculdades, que priorizam a pesquisa operacional, pois estes possuem atualmente os maiores recursos financeiros da universidade e podem, portanto, pagar por serviços de alta qualidade como os que eu realizo. Por favor, não me interpretem mal; tenho que sobreviver [uma certa indignação na voz foi notada].
LE: A senhora está a par da política educacional do Governo Serra?
IF400: Sim. Leio e imprimo os jornais e boletins da ADUNICAMP, do STU e da Reitoria todos os dias.
LE: Nesse sentido, qual a sua avaliação dos decretos do Governador Serra?
IF400: No começo eu não entendi nada do que estava acontecendo. Aos poucos fui me informando e hoje tenho uma posição um pouco mais razoável. Percebi que meu desligamento do IFCH tinha a ver com todo esse processo.
LE: Como assim?
IF400: Oras, o aperto financeiro do IFCH, a meu ver, tem relação direta com um processo de longo prazo de precarização da educação no país, que parece materializar de forma mais incisiva na atual gestão estadual. Por meio de uma leitura dos decretos, pude perceber que o governo vai centralizar ainda mais a distribuição de recursos financeiros para as universidades públicas paulistas, o que poderá fazer com que outros de meus companheiros também sejam desligados do IFCH.
LE: A senhora pode nos dar um exemplo?
IF400: Ah sim, sim. Claro! O pessoal que ocupa as prateleiras da biblioteca e as mesas do CPD, o pessoal do financeiro e por aí vai.
LE: O que a senhora acha das barricadas?
IF400: Embora eu não conheça o pessoal da graduação, a atitude deles é bastante importante na luta contra os decretos do Governador Serra, porque chama a atenção da Universidade para os problemas que ela enfrenta atualmente. Na verdade, acho que os estudantes só devem tirar as barricadas quando o Serra revogar os decretos. Penso que só assim poderei voltar à ativa no Instituto e encontrar antigos amigos [nesse momento, um leve suspiro de esperança aflorou]...
LE: Informamos que a entrevista não pôde ser finalizada com a sra. Impressora Fibre 400 por conta da falta de toner no CCUEC. Obrigado.