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domingo, 20 de maio de 2007

Maria Hermínia Tavares de Almeida: CONTRA A INVASÃO

Não é uma forma civilizada de protestar, diz cientista política

Para Maria Hermínia Tavares de Almeida, invasão da reitoria é inaceitável
DA REPORTAGEM LOCAL

A professora titular de ciência política da USP, Maria Hermínia Tavares de Almeida, 64, afirma que a ocupação da reitoria pelos alunos é um atentado à civilidade. Ela também criticou a política educacional de José Serra e a possível entrada da PM no campus para retirar os manifestantes. A assessoria do governador foi procurada no início da noite, mas informou que Serra estava no interior. A assessoria do secretário José Aristodemo Pinotti não foi localizada por telefone. Leia a seguir trechos da entrevista.

FOLHA - Qual é a opinião da sra. sobre a ocupação da reitoria? MARIA HERMÍNIA TAVARES DE ALMEIDA - O movimento dos alunos é inadmissível como conduta. Independentemente do que eles estão pedindo. Repudio a forma como o movimento se deu: pela invasão, pela destruição, depredação do gabinete da reitora, porque consideramos que essa não é uma forma civilizada de discutir opiniões e de reivindicar. Isso quebra a regra de convivência da universidade. Sem discutir os motivos, a forma de condução do movimento é inaceitável. Ela quebra uma civilidade que precisa existir no interior da faculdade. É uma conduta inadmissível, inaceitável, porque rompe uma regra fundamental do jogo dentro da universidade, que é o debate, é o pluralismo, é a tolerância e a racionalidade.
FOLHA - E sobre a política do governo do Estado? MARIA HERMÍNIA - Eu não consigo entender qual é a política do governo do Estado. Na verdade, o governo tem batido cabeça desde o começo. Eu não sei sequer se existe uma intenção clara de cercear a autonomia da universidade ou se existe uma incompetência em lidar com a universidade. FOLHA - O que a sra. acha da possibilidade de a polícia ser acionada para fazer a reintegração de posse? MARIA HERMÍNIA - Acho que a pior solução possível é que a polícia entre [no campus]. A última vez que a polícia entrou, eu era estudante ainda. Eu tenho péssima lembrança e acho que isso deveria ser evitado.