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domingo, 20 de maio de 2007

IFCH: fechado para balanço

ESTAMOS EM GREVE!!!
No dia 15/05, realizou-se uma assembléia estudantil Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UNICAMP com cerca de 200 pessoas, que deliberou com ampla maioria pela greve no instituto. Isso devido ao fato de que desde o começo do ano o governo Serra vem implementando uma série de decretos que configuram um ataque frontal à universidade: criação de uma Secretaria de Ensino Superior, à qual as universidades estaduais paulistas passam a estar subordinadas, em separado das FATECs (antes ligadas à UNESP) e da FAPESP; contingenciamento de verbas, que se mateve até o mês passado; congelamento da contratação de funcionários e professores por concurso público por tempo indeterminado; desrespeito à autonomia financeira das universidades através do SIAFEM, orgão que submete os orçamentos das universidades; incentivo às ditas "pesquisas operacionais", ou seja, aquelas que respondem às demandas do mercado, em detrimento da pesquisa básica, ferindo a nossa liberdade de pesquisa.
Dado este cenário, temos como nossa reivindicação central a revogação imediata dos decretos do Serra. Tais decretos somam-se ao desmonte da educação e ao sucateamento que as universidades públicas vêm sofrendo com as medidas neoliberalizantes dos últimos governos estaduais e federais. No IFCH tal situação se manisfesta em uma alarmante falta de professores e funcionários. Há, segundo nossos cálculos, um déficit de 75 professores para retomarmos a relação professor/aluno de dez anos atrás. Justamente esta dramática falta de professores é um dos elementos determinantes de um complexo quadro do qual decorrem as atuais propostas docentes de reforma do currículo de Ciências Sociais. Uma reforma curricular necessariamente afeta a totalidade docente e discente. Daí a necessidade de uma radical ampliação deste debate quanto as suas causas e conseqüências. Devemos deixar claro que reconhecemos a necessidade de uma reforma curricular. Para tanto, já impulsionamos espaços de debate acerca desta questão e chamamos os professores a contruí-los conosco, discutindo não somente as disciplinas obrigatórias a serem ministradas, mas também suas ementas.
Estes três pontos - revogação dos decretos, contratação imediata dos 75 professores e exigência de uma reforma curricular que não precarize o curso de Ciências Sociais - compunham a pauta provisória de reivindicações dos estudantes de graduação do IFCH.
Em nosso primeiro dia de greve, dia 16, quarta-feira, retiramos as carteiras das salas de aula e montamos barricadas em todos os prédios do instituto, inclusive os prédios da pós-graduação, onde funcionam os centros e núcleos de pesquisa. Recebemos o apoio de um amplo setor dos funcionários, dos estudantes da pós-graduação (tirado em uma histórica assembléia extraordinária com mais de 100 pessoas) e de diversos professores. Infelizmente defrontamo-nos com a oposição de uma parcela de docentes e estudantes.
Ontem, em nosso segundo dia de greve, quinta-feira, dia 17, a mobilização avançou em muitos sentidos. Primeiro, com a adesão dos funcionários do instituto à greve, que reivindicaram, inicialmente, o fim do regime de trabalho terceirizado e por contratação temporária, além de sua campanha salarial. Os alunos de pós-graduação também deliberaram em sua assembléia a adesão à greve, construindo uma ampla pauta de reivindicações específicas, que serão disponibilizadas posteriormente.
Hoje, pela manhã, aconteceu uma assembléia unificada entre alunos, funcionários e professores, em que discutimos uma pauta de reivindicações unificada. À tarde, os funcionários se reuniram para deliberar de forma mais articulada suas pautas específicas.
Estamos em mobilização permanente! O Comando de Greve, que se reunirá às 19 hrs, irá sistematizar todas as discussões e deliberações do dia de hoje. Mais tarde disponibilizaremos nossas pautas unificadas e específicas.
Vale lembrar que não estamos sozinhos. No dia 16 ocorreu na USP uma assembléia com milhares de estudantes que deliberou pela greve e pela continuação da ocupação da reitoria. Além disso, na assembléia dos funcionários do sindicato da USP, que contou com cerca de 500 pessoas, foi deliberada a greve e a incorporação da categoria à ocupação. Manifestamos aqui o nosso total apoio aos estudantes e funcionários da USP!
Manteremos nossas barricadas até que todo o IFCH pare! Chamamos toda a comunidade do instituto e do restante da universidade a participar de nossas atividades ao longo do dia, com debates, aulas públicas, grupos de estudo sobre os decretos e cine-greve ao fim da tarde.
Reiteramos ainda a importância da participação de todos no Comando de Greve, que, a partir de segunda-feira, 21, acontecerá às 12:00 hrs, nas escadarias da Publicações.