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sábado, 26 de maio de 2007

PINOTTI NEGOCIA VAGA NA USP. REITORIA APROVA

Essa semana circulou na internet uma carta do Secretário de Ensino Superior, José Aristodemo Pinotti, pedindo à reitora da USP, Suely Vilela, uma vaga num curso de pós-graduação da Escola Politécnica para um funcionário de seu gabinete. Mesmo os estudantes que ocupam a reitoria da USP não tendo divulgado nenhum documento da reitoria, a carta de Pinotti apareceu no CMI e em algumas listas de e-mail.

Pinotti não só “indica o Sr. Joedson Carneiro Nunes” para o curso da Poli, mas salienta que “o interessado não dispõem (sic!) de recursos financeiros” para pagar a mensalidade.

O documento deixa mais que claras as intenções de Pinotti. Mas seria a reitora cúmplice? Teria ela realmente feito alguma coisa para privilegiar o Sr. Joedson?

Bem, junto com a carta de Pinotti foi divulgado um documento assinado pelo chefe de gabinete da reitoria da USP, Alberto Carlos Amadio, em que ele repassa a solicitação de Pinotti ao “Prof, Ivan”. E quem seria o professor Ivan? Não seria o professor Ivan Gilberto Sandoval Falleiros, justamente o diretor da Escola Politécnica?

Ou seja, Pinotti pediu para a reitora da USP favorecimento ao seu funcionário para garantir um vaga e uma bolsa! E a reitora encaminhou o pedido para o diretor da Poli!!! E tudo isso com a maior naturalidade, por meio de documentos oficiais e papel timbrado!

Ora, se isso não é um ataque à autonomia universitária, o quê é?

USP A SERVIÇO DO CAPITAL

O Curso de Especialização em Gestão de Projetos, para o qual o funcionário de Pinotti foi “indicado”, realmente existe, é vinculado à Fundação Vanzolini (www.vanzolini.org.br), e oferecido pelo Departamento de Engenharia da Produção, da Escola Politécnica da USP.

O departamento divulga o curso com atividade de “extensão universitária”, apesar da Fundação Vanzolini cobrar uma mensalidade de R$ 733,00, sujeita a reajuste anual. A Fundação faz questão de divulgar em seu site que o curso é ministrado por professores da USP, e que o certificado é emitido pela universidade. Sobre o objetivo do curso, ela diz ainda:

“Temos como intuito prover um portfólio completo de serviços de treinamento em Gestão de Projetos para nossos clientes, parceiros e colaboradores, a fim de criar competências quando, onde e com o formato adequado para desenvolver projetos em âmbitos corporativos nacional e internacional contribuindo para a manutenção do capital intelectual e com a lucratividade de nossos clientes.”

Mas que finalidades generosas e humanistas tem a Universidade de São Paulo! A “lucratividade de nossos clientes”!

Para um curso suspeito de favorecimento no processo seletivo, o modo de avaliação dos candidatos não poderia ser menos transparente: “análise curricular”. Assim parece fácil, não é Pinotti?

No entanto, um único elo não se fechou; o Sr. Joedson não consta na lista dos aprovados para cursar Gestão de Projetos em 2007. Talvez a Fundação tenha tido o cuidado de não divulgar o nome do Sr. Joedson. Ou talvez, hipótese que parece cada vez mais remota, a quadrilha dos burocratas corruptos tenha topado com algum professor honesto no caminho.