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quarta-feira, 6 de junho de 2007

Informe Bolsistas-Trabalho

 Temos recebido relatos de que, mesmo nos locais em que os funcionários estão em greve, muitos bolsistas-trabalho estariam sendo pressionados para cumprirem suas cargas horárias pois os responsáveis pelas bolsas estão orientando os trabalhadores a abandonarem a greve pelo menos o suficiente para garantirem que nunca falte serviço nas linhas de produção envolvendo os bolsistas-trabalho. Este é exatamente o caso na Biblioteca Central com os bolsistas do setor de encadernação/digitalização e de muitas outras áreas, onde os funcionários já tinham aderido à greve, mas tiveram que retornar para que as bolsas não parem. Como conseqüência imediata, os bolsistas que aderiram à greve teriam suas horas a dever acumuladas e posteriormente deveriam pagar as horas em débito. Você não acha justo exigir que essas horas não sejam cobradas dos bolsistas?

Ademais lembramos que a bolsa-trabalho aprofunda a precarização do trabalho na universidade, porque os bolsistas cumprem funções permanentes que deveriam ser funções de trabalhadores concursados (funcionários públicos). O bolsista não tem direitos trabalhistas, muito menos direito à greve, e torna-se mão-de-obra barata e dócil dentro da universidade. Há alguns anos atrás nós trabalhávamos até servindo comida e lavando bandejas nos Restaurantes Universitários – recordar é viver.

A bolsa-trabalho não ataca a injustiça social dentro da UNICAMP, em verdade amplia a relação de desigualdade entre os alunos-bolsistas e não-bolsistas exatamente nas “60 horas mensais de trabalho”, enquanto os outros estudantes têm este tempo para estudar e viver a universidade. Isso é refletido perversamente na qualidade de vida e no desempenho medido pelo CR destes alunos. Um desdobramento desta conclusão aponta ao maior desgaste psicológico e às desvantagens para conseguir línguas no CEL, intercâmbios ou bolsas pesquisas. Não seria justo que a bolsa-trabalho fosse convertida em bolsa-estudo – assim como é na UNESP, mas adaptada ao custo de vida de Barão Geraldo?

E para completar, hoje quem faz a seleção dos bolsistas é um programa de computador. As assistentes sociais (que são pouco mais que 3), no limite, servem apenas para alimentar as informações das fichas de inscrição. De acordo com a legislação que rege estas bolsas, o principal critério de seleção é a renda per capita mensal do bolsista. Outros critérios são levados em conta, como: se o aluno estudou em escola pública, se paga aluguel ou se possui casos de doenças graves na família. Mas, como? Lembremos que é um programa de computador e não uma análise profunda do perfil sócio-econômico de cada aluno. Assim, é comum constatarmos alguns casos bizarros: por exemplo, dois amigos com exatamente a mesma situação sócio econômica se deparam com a concessão de bolsa para um e não para o outro em um ano e o contrário no ano seguinte e demais situações que sabemos de cor que apontam a falta de um critério justo de seleção e inscrição às bolsas. Em outras palavras, não existe nenhum tipo de garantia de permanência dos alunos carentes na universidade.

Por isso, você não concorda em ir conosco hoje (05/06) ao SAE após a Assembléia Geral para garantirmos o direito à greve dos bolsistas, por mais bolsas e condições mais justas?

Este informativo foi construído na Central da Moras

(Moradia Estudantil), por bolsistas trabalho e demais estudantes

nesta segunda-feira 04 de junho às 21 horas.


* O logotipo do SAE é meramente ilustrativo.